terça-feira, 15 de março de 2011

Biografia Henri Marie Le Boursicaud

O padre operário

Henri Marie Le Boursicaud nasceu a 23 de Agosto de 1920 em Bézidalan,uma aldeia de 5 casas da comuna de Elven, na Bretanha, em França, numa família de pequenos agricultores.
A mãe, Marie-Anne d'Ars, bretã de coração e alma, era extremamente tradicional e alérgica a qualquer mudança.
O pai, Jean Le Boursicaud, era apologista do progresso e partilhava alguns trabalhos domésticos, o que era uma revolução naquele tempo.
Viveu com os seus quatro irmãos Emmanuel, Aimé, Jean e Thérése num ambiente familiar caloroso. A casa era um espaço de liberdade e viviam em atmosfera de segurança.
No casal, as tensões de tradicionalismo e modernidade, por vezes pesadas, eram a manifestação de uma vida intensa, de um amor indissolúvel. A vida deles afirmou-se também pela longevidade, ele com 93 anos e ela com 83.
Com 11 anos Henri entra no Seminário e aos 26 foi ordenado padre na Congregação dos Missionários Redentoristas.
Se estes poucos dados biográficos terão alguma importância na construção do seu carácter, o percurso de acção até aos seus 45 anos levam-no a alterações profundas na opção perante o mundo.
Com 45 anos torna-se padre operário, contrariando já nessa altura as orientações de Roma.
Aprende a profissão de carpinteiro e passa a viver com os portugueses emigrantes na zona leste de Paris, em Champigny .
Pobre entre os mais pobres, como o Carpinteiro de Nazaré, por eles luta, com eles sonha. E sonha porque não acredita em fatalismos. "A miséria não é uma fatalidade".

Os pais do Padre Henri e os irmãos 
mais velhos, uma imagem rara que 
aparece no seu livro de poemas...

Aos quarenta anos os seus amigos apelidavam-no de "buldozer", aos 50 de "profeta". Redentorista, companheiro de Emaús, hoje sente-se reconhecido como simples "semeador" da palavra de Deus, "semeador" da Esperança.
Henri Marie Le Boursicaud, o Padre Henrique é Francês, da região da Bretânha no sul da França, fundou, em 1972, a comunidade de Emaús Liberté. Em 1985, visitou o Brasil e, em 1986, fundou, em São Paulo, a primeira comunidade de Emaús do Brasil, sempre questionando as instituições e dizendo que sua ligação com elas é como um fio de cabelo. É um padre operário, que, aos 75 anos, andou de Paris à Roma, à pé. Tem escrito 22 livros que falam sempre de vida. Dentro do Movimento Emaús, costuma-se dizer que Abbé Pierre é o homem da França e Henri é o homem do mundo.Aos 75 anos foi de Paris a Roma a pé. Com 84 plantou bananeiras nos Camarões. Nas idas e vindas, o padre francês Henri Le Boursicaud recebeu uma medalha do Presidente Jacques Chirac, mais tarde devolvida em sinal de protesto. Tem 86 anos e está de visita a Portugal
Um ano depois da primeira viagem aos Camarões, Henri Le Boursicaud decidiu regressar àquele país africano e morrer na floresta entre os «amigos pigmeus». Por isso, em 2004, percorreu mais de mil quilómetros de mato, desenrascando comida e improvisando abrigo pelo caminho. Só depois percebeu que, afinal, não tinha esgotado o tempo das suas missões pelo mundo.Na mesma floresta onde, com 84 anos, quis esperar a morte, Henri espera agora colher os frutos das bananeiras, cacaueiros e palmeiras que ajudou a plantar nessa viagem. «Mas só em 2009», contou-lhe, por carta um amigo camaronês. Até lá, inquieta-se o francês, «a sobrevivência de um povo com milhares de anos permanece em perigo», ameaçada pela destruição das florestas. Para que «esse crime» não aconteça Henri escreveu Pigmeu entre os Pigmeus, obra que o faz correr, desde Maio, dezenas de paróquias portuguesas. Sobretudo no Porto, onde foi recebido pelo padre e amigo Bernardino Queirós, responsável pela comunidade de acolhimento Tenda do Encontro. Ali, o francês repete a sua fé de vida, no convívio diário com as crianças: «Seguir até ao fim». Mas é ao ventre materno, que Henri vai buscar explicações para a vocação peregrina. «Fui influenciado por um sermão de missionários que a minha mãe ouviu durante a gravidez», acredita o pároco. Por isso faz questão de contar a idade pelos «86 anos e nove meses». Sem esquecer que se lançou numa «missão de amizade entre povos», a partir da «consciência da situação dos emigrantes portugueses» da França de 1966.
Português autodidacta-
«Seis mil pessoas viviam com três torneiras de água, sem luz nem recolha de lixo. Não podia ficar parado», recorda. O cenário precário precipitou a primeira viagem do padre a Portugal ainda nesse ano da década de 60. Chegou com 45 anos decidido a aprender a língua desses emigrantes e, dessa forma, ajudar a melhorar as condições de vida da comunidade lusa em Champigny, nos arredores de Paris. «Rodeei-me de livros das oito da manhã até à meia-noite, durante três meses», conta. No regresso à capital francesa, Henri estreou-se na comunicação em português e no ofício de carpinteiro, indispensável à criação de infra-estruturas básicas ao dia-a-dia dos emigrantes. Mais tarde, não sabe bem quando por desvalorizar «essas coisas», as autoridades francesas baptizaram com o seu nome uma das avenidas da região parisiense. Depois, foi condecorado pelo Presidente gaulês, Jacques Chirac, mas acabaria por devolver a medalha «zangado com os negócios» da sua República.«A resistência iraniana em França», acusa Henri, «é perseguida por causa dos milhões do petróleo» transaccionados em troca da «venda de carros Peugeot» a Teerão. A ‘trama’, que o padre recorda exaltado com os «hipócritas» da política, remete as suas memórias para o Iraque, onde em 2004 fez o primeiro contacto com a resistência iraniana. «Vivi com eles durante dias e sei que não fariam mal a uma mosca. Mas a própria Organização das Nações Unidas (ONU) insiste em chamar-lhes terroristas».Para desfazer «tal mentira», Henri planeia um encontro na ONU, ainda sem data marcada.
Imagem que vale 17 mil dólares-
Foi, de resto, num impulso que, há pouco tempo, chegou à porta do edifício da UNESCO, em Paris, e conseguiu arrancar uma conversa com o vice-presidente. «Como não levava gravata não me queriam deixar entrar. Mas quando mostrei a fotografia que carregava comigo deram-me logo passagem». No retrato, o dirigente daquela organização faz pose ao lado de um prefeito do Brasil, que Henri conheceu numa das suas viagens. O contacto brasileiro valeu-lhe o acesso ao gabinete do vice-presidente da UNESCO e a oportunidade de expor as suas angústias em relação aos milhares de crianças de rua do Congo. «Sei que após a minha passagem estudaram a situação e concordaram em ajudar com 17 mil dólares». Foi mais ou menos essa quantia de 13.300 euros que o francês desembolsou nas plantações de bananeiras, palmeiras e cacaueiros nos Camarões. É um pouco mais do que isso que o padre conta distribuir pelos pobres, depois de concluída a campanha portuguesa. Destinatários não lhe faltam: em quatro décadas de missões, Henri cruzou continentes, entre viagens à Irlanda do Norte, República Checa, Benim ou Bulgária. Ganhou barbas no Haiti – à falta de lâminas e de água – , perdeu quilos nas favelas brasileiras e, aos 75 anos, fez a ligação Paris-Roma a pé, em 97 dias. Quis levar ao Papa João Paulo II o seu protesto contra o afastamento de um colega «demasiado incómodo» para as mentes ‘vaticanizadas’.«O único pecado do bispo Jacques Gaillot foi defender os pobres», revolta-se Henri. «Por isso fui a Roma dizer: ‘Isso não se faz’». Repetiu-o perante as câmaras de televisão e os microfones das rádios, mas não conseguiu fazê-lo diante do Papa, na altura em viagem pelos Estados Unidos. A mensagem seguiu até ao Vaticano por escrito, e é também por papel que lhe chegam, regularmente, notícias das comunidades Emaús que ajudou a fundar «para combater as causas da miséria». Só no Brasil, somam uma dúzia. Em França, Henri chegou a viver seis meses numa dessas ‘irmandades’, convidado pelo precursor do movimento, Abbé (abade) Pierre. Acabaria por sair desencantado «com o amor ao dinheiro de alguns companheiros», fundando, ao lado de um alcoólico, uma comunidade à sua maneira. «Precisaria de pelo menos um dia para descrevê-las». Para expor a sua colecção de experiências, Henri Le Boursicaud calcula precisar de mais de 200 páginas, reunidas na obra "Testemunhar é falar de mim e d’ Ele". «Pronta a sair quando aparecer alguém disposto a publicá-la».
Sobre ele, o padre e amigo Bernardino diz: «Como as árvores, acha-se na obrigação de morrer de pé».
Divino Vagabundo-
A PIDE colocou-lhe o rótulo de padre operário. Houve quem o tivesse chamado falso padre. E a sua vocação missionária rendeu-lhe mesmo a alcunha de vagabundo do bom Deus. Para o pároco Bernardino Queirós, Henri Le Boursicaud é «um aventureiro da esperança», retrato com o qual Francisco Assis, companheiro de rondas paroquiais, concorda.Filho de um humilde camponês, numa família com cinco irmãos, Boursicaud entrou aos 11 anos para o seminário e, aos 26, foi ordenado sacerdote na Congregação dos Missionários Redentoristas, em França. Aos 86 anos define-se como um cidadão do mundo, com raízes bretãs».


Nota: Esta biografia foi feita através de várias pesquisas na internet, em geral realizada pelos Movimentos Emaús.

Biografia Abbé Pierre

A primeira vocação de Henri Antoine Groués (este é o nome de baptismo do Abbé Pierre) foi franciscana: ingressou na ordem dos capuchinhos, mas saiu poucos anos depois, por motivos de saúde, sendo admitido no clero de uma diocese francesa. A sua alma ficou sempre fortemente marcada pelo amor à pobreza e aos mais desprotegidos. Viveu os primeiros anos de sacerdócio no período da Segunda Guerra Mundial, dedicando-se ao salvamento de pessoas da polícia secreta nazi: falsificava passaportes, e ajudava judeus e cidadãos da Polónia a passar a fronteira. Organizou um grupo de resistência armada até ser preso, mas conseguiu fugir escondido num saco do correio, num avião para a Argélia.


Em 1949, já enquanto deputado Abbé Pierre vivia numa casa que ele próprio restaurou e onde começou a caminhada de Emmaús, acolhendo pessoas com dificuldade, desde jovens a indivíduos sem-abrigo. Foi no decorrer deste ano que fundou o que viria a ser Emmaús Internacional, iniciativa que parte de um momento crucial na sua vida, o encontro com George Legaey no momento em que este estava quase a suicidar-se. Emaüs nasce como uma iniciativa que pretende “ agir para que cada pessoa, sociedade ou nação possa viver e afirmar-se num mundo de partilha e de dignidade igualitária.”
Em 1951, Pierre deixa a Assembleia Nacional por protesto contra uma lei eleitoral. De agora em diante, dedica-se inteiramente ao Movimento Emaüs, que havia iniciado dois anos antes. A sua actividade dividia-se entre a multiplicação das Comunidades Emaüs e contínuas viagens, palestras e encontros, lançando campanhas em favor dos mais desprotegidos, encontrando-se com chefes de estado e representantes das mais diversas Igrejas e religiões.
Em 1953, a Associação Emaüs é criada com vista a organizar o movimento. Apesar de ser uma associação fundada por um padre cristão, ela mantêm-se neutra a nível religioso, de modo assegurar a admissão de pessoas de todas as etnias ou religiões, prestando auxílio a todos aqueles que necessitam independentemente de tudo o resto.
A seguir à destruição provocada pela Segunda Grande Guerra, revoltado ao constatar que num país rico como a França morriam, devido ao frio, pessoas que dormiam na rua, falou aos microfones da Rádio Luxemburgo (RTL), para recolher apoio e salvar os mais pobres de uma morte certa. Chocou a França, ao contar a história de uma mulher que morrera na rua segurando um papel ordenando a sua expulsão do abrigo donde se encontrava anteriormente. Deu-se o que viera a ser chamada a “Insurreição da Bondade”, surgindo uma enorme vaga de solidariedade, angariando-se cerca de 2 000 toneladas de mantimentos, que até serviram depois para ajudar a alicerçar o movimento. Começou, um longo período onde Abbé Pierre ganhou peso não só na opinião pública, como também no poder político.

Nos dias a seguir a esta grande iniciativa, são fundadas as instituições basilares de Emaüs: HLM Emmaüs, Association d’Emmaüs et Confédération générale du Logement e SOS Famille Emmaüs.
Em 1984 dá-se mais um acontecimento importantíssimo para a vida de Abbé Pierre. Num Inverno terrível, morrem por hipotermia, frio ou problemas psicológicos cerca de 50 pessoas sem-abrigo. Afinal, 30 anos depois daquele Inverno que depois levara ao despoletar de Emaüs, a França falhara em matéria de realojamento. De novo, Abbé Pierre aparece como a voz da revolta contra a miséria social, apoiado pelo jornal “ France Soir” lança uma campanha mediática que mobilizara novamente os franceses para a resolução destes problemas. As Comunidades Emaüs formadas por companheiros e voluntários de Neuilly-Plaisance, Neuilly-sur-Marne, Plessis-Trévise, de Bougival e de Bernes-sur-Oise, tentaram responder a esta crise, distribuindo mantimentos na capital francesa.
Abbé Pierre vivera o resto dos seus dias numa comunidade junto com pessoas idosas e doentes do Movimento, esperando “as grandes férias”, como ele definia a viagem definitiva. Porém, não ficava trancado. Quando alguma necessidade o chamava, saía para defender os direitos dos imigrantes, dos que não têm casa, ocupando praças e casas não alugadas, obrigando as autoridades a encontrarem uma solução definitiva.
Fez várias publicações pessoais, e em conjunto com o ex-ministro da saúde francês Bernard Kouchner escreveu o livro "Deus e os homens" (Dieu et les hommes).
Neste ano em que ele parte, deixa uma congregação de vários movimentos Emaüs presentes em vários países de quatro continentes, complementando o esforço dos membros de Emmaús com os voluntários, agindo não só no domínio social, mas também ao nível político, lutando contra a escravatura moderna e as descriminações sociais, e pelo realojamento dos refugiados vítimas de todo o tipo de catástrofes.


Fonte:emauscaminhoevida

Discurso I - Abbé Pierre



segunda-feira, 14 de março de 2011

Visita ao Mundaú_Trairi_Ce


No dia 21 de setembro de 2006 os companheiros de Emaús Erivânia (presidente), Gênia (diretora), Rogério Ribeiro (coordenador) visitaram uma Fundação Sócio Educacional Francisco Damasceno no Mundaú, distrito do Trairi-Ceará. Tinhamos a intenção de fazer uma parceria com a mesma nas áreas profissionalizante e educacional.
Aqui temos o registro desta visita, valendo acrescentar que o Mundaú é uma das mais belas praias do litoral cearense.

Crianças Pobres


















Tem gente jogado a margem da vida lutando para pelo menos existir, ambição que é bom, nenhuma, o sonho talvez só alcance a uma vida sem fome e, se possível, com um teto sem goteiras e redes armadas para quem chegar deitar.
Olho nos olhos destas crianças e reflito sobre o futuro. "Que futuro?"

Movimento Emaús Fortaleza

Fortaleza conta com a rede de solidariedade do Movimento Emaús Internacional